domingo, 1 de novembro de 2009

Tempos Sombrios

O título acima rememora Hannah Arendt (se você leitor é estudante de direito e nunca leu um livro dela, corra que ainda há tempo) e se adequa a situação que descrevo logo abaixo neste post e traduz numa triste constatação ao que vivenciamos hoje no Brasil. Pois bem. O que vemos é a maximização da mediocridade, onde valores pouco recomendáveis travestidos de "cultura" assolam a mente e os corações das pessoas e tudo isto é visível na música, na literatura, no cinema. Não que este lixo seja relegado as calendas do esquecimento, devem coexistir com os valores intelectuais mais sólidos, até porque a sua existência extrapola a digressões mais embasadas pelo fato de que tem quem goste pura e simplesmente e não há como fugir disto. Não estou aqui defendendo que tenhamos uma sociedade que discuta nos bares a influência de Kant sobre o pensamento jurídico do sec. XIX, longe disso. O que condeno é tentativa de nos empurrar que tais aspectos culturais de baixa qualidade é a expressão de um povo e que deva ser valorizado e todo aquele que refuta estas manifestações é visto como reacionário, no mínimo insensível. Os ditos "formadores de opinião" formam um caldeirão espesso e coeso onde suas idéias se espalham como se fossem únicas e incontestáveis e muito deles estão encastelados nas universidades, nas redações dos jornais, nos sindicatos, nos partidos políticos, taí o PT que não me deixa mentir, defendendo conceitos ultrapassados, carcomidos pela história, mas que insistem em perpetuar em nosso país . E tudo isto torna-se mais interessante quando temos um presidente da república que enaltece a sua ignorância e não fez o mínimo esforço para se aprimorar intelectualmente (nunca o vi mencionar que estava lendo um livro ou coisa semelhante), muito pelo contrário, tornou-se marca registrada e se tem 80% de popularidade que se dane todo o resto. Mas aonde quero chegar? Justamente no episódio ocorrido nesta semana numa universidade de São Bernado dos Campos em São Paulo. As cenas alí vistas capitaneadas por estudantes universitários contrários a uma aluna que usava uma roupa mais ousada é o exemplo claro da intolerância. Se a roupa era adequada ou não ao ambiente é outra discussão. O que choca é o espetáculo dantesco num local onde deveria primar pelo respeito a valores democráticos, de aceitar as diferenças e saber conviver com elas. A idiotia levada ao extremo é fruto dos argumentos acima descritos. A intolerância é irmã siamesa da ignorância e os alunos deram um exemplo cabal de como a desinformação, o baixo nível intelectual, num local que deveria ser exatamente o contrário, pode levar a cenas como aquelas. O país do "jeitinho" se glorifica em ser o melhor em muitas coisas, mas nas principais e relevantes é uma lástima. Nosso índice de avaliação da qualidade de aprendizagem do alunos ocupa os últimos lugares do mundo. Os gritos, palavrões não são um ataque súbito de conservadorismo, e sim, o vazio dos cérebros tomados pela completa falta de civilidade, civilidade que se conquista com valores culturais sólidos, não apenas com palavras de ordem. O que mais deixa preocupados é que dalí vão sair o novos administradores, advogados, médicos, etc. que irão ocupar as vagas das empresas e orgãos públicos. Vivemos tempos sombrios.

Um comentário:

  1. A atitude da UNIBAN de expulsar foi tão deplorável quanto a execração promovida por seus alunos.

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