domingo, 4 de abril de 2010

Ilha do medo

Assisti no último sábado o filme Ilha do Medo de Martin Scorsese. Não colocaria entre os seus grandes filmes, mas muito melhor do que O Aviador ou Gangs de Nova York. A trama envolve o desaparecimento de uma interna em que dois policias são enviados para investigar o seu sumiço de uma ilha que é utilizada como hospital psiquiátrico. É um thriller psiclógico que envolve os meandros da mente humana com desfecho inesperado. O filme é uma adaptação do livro de Dennis Lehane que prima pela violência psicológica e não pela física, o que torna interessante assistí-lo. O que me leva a comentá-lo é o lançamento de três dos vinte livros das Obras Completas de Freud pela editora Companhia das Letras, que estava sem edição por muitos anos, preenchendo uma lacuna para aqueles que apreciam a prosa inconfundível e muito bem escrita do médico austríaco. Ler a sua obra é imprecindível, mesmo por aqueles que não tem a psicanálise como profissão. Sempre defendi a idéia de que para ser um bom advogado deve-se ler Crime e Castigo e Freud. Seus autores são mestres em desvendar os dramas íntimos das pessoas. Um pela sua literatura o outro pelo estudo científico da mente humana. Ainda sobre o filme, o diretor abusou das metáforas freudianas para conduzir a sua trama e expor os conflitos decorrentes de traumas que podem mudar o comportamento das pessoas, tirando-lhes a razão. Isto fica evidenciado pela fotografia impecável - por sinal uma virtude de Scorsese -que abusa no jogo de luzes, ora muito escuro, ora muito claro como se quisesse mostrar o que se passa na cabeça das pessoas aturdidas por infortúnios comportamentais. O filme tenta mostrar que a vida pregressa das pessoas é vital para entendimento dos problemas de consciência e assim tratá-las, em contrapartida ao uso de medicamentos. Nada mais freudiano. Assim não deixe de ver o filme e ler os livros de Freud.

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