domingo, 18 de julho de 2010

Os jogadores de futebol, o presidente e as leis

As leis existem para ser cumpridas. É chavão, mas nunca deve ser esquecida. No Brasil isto nunca foi considerado uma máxima. Cumpre-se na medida do possível, criou-se outro chavão que diz que as leis aqui nasceram para se descumpridas, e ao que parece tal frase tem autor, possivelmente seria Chico Buarque. O cerne da questão não é cumprir ou descumprir as leis, até porque queira ou não temos um razoável aparato policial e judiciário que bem ou mal cumpre o seu papel de exigir a sua aplicação. O problema é o comportamento do brasileiro diante das normas. Pequenas transgressões são aceitas e vistas até como sinal de esperteza, quando na verdade independente da extensão deveriam ser reprimidas. Estas condutas desapercebidas são passadas por gerações e se cristalizam como fato corriqueiro, comum até. Outro componente é a visão de desconfiança sobre o papel das autoridades. São encaradas como corruptas, ladras e só pensam nos interesses próprios. Muitos destes agente públicos se comportam desta maneira, pois são frutos de um longo processo de aceitação e desinteresse da população pela coisa pública. Esta visão distorcida das leis favorecem comportamentos que em nada incomodam as pessoas. Vivemos isto cotidianamente. Os exemplo são vários. O jogador de futebol que tem “amigos” criminosos, ir as suas festas e até tirar retratos portando armas é aceito como coisa normal, afinal por sua origem ser favelas não pode deixar de lado com aqueles que conviveram no passado. Se o seu amigo é traficante, o fato de frequentar o seu ambiente não o faz bandido. Se raciocinamos por esta lógica, veremos que que aquele que transgride se não atrapalha diretamente a sua vida, porque vou se afastar dele? Mas se pensarmos e agirmos desta forma estamos sendo coniventes com crime. Esta percepção do certo e errado se perde pela falta de valores, exemplos e por uma educação formal mais consistente e duradoura., coisas que independem de dinheiro ou posição social. O caso de Bruno, atleta do Flamengo, é representativo da forma como são encaradas a percepção da extensão das leis. Confiou de que sendo famoso e com dinheiro poderia resolver uma situação pessoal sem sofre maiores represálias. Os exemplos de aceitação e da completa resignação de se indignar da população com o descumprimento da legislação é acintoso até com que tem o dever de retidão no trato com as leis. Vejam o caso do presidente da república que chega até debochar das multas que recebe do TSE por fazer propaganda eleitoral antecipada. É como já disse em post anterior, se a notícia é ruim, a culpa é do carteiro. Traduzindo, se alguem sofre uma penalidade, a culpa é de quem aplicou. E de pequenos delitos em pequenos delitos que vamos construindo uma sociedade pouco afeita a aceitar a imposição da lei e sua consquencias. Afinal a culpa é de quem aplica e não de quem praticou, pensam os mais desavisados.

P.S. O título do post anterior pus acento agudo onde não cabe. Foi puro erro de digitação, ante que me trucidem.

Um comentário:

  1. Concordo com a análise professor Argemiro,infeliz Brasil,que carrega um povo tão viciado pelos erros! Lembrei-me de um pensamento de Rui Barbosa:"De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". (Senado Federal, RJ. Obras Completas, Rui Barbosa. v. 41, t. 3, 1914, p. 86)
    Quando essa realidade mudará?

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