sábado, 26 de junho de 2010

O Big Brother da ilegalidade

Já escrevi aqui neste espaço que muitas vezes na ânsia de se querer fazer justiça a qualquer custo e combater as ilegalidades o caminho mais fácil seria encampar também as ilegalidades;não importa os meios contanto que os fins sejam nobres. Vamos entortar a constituição, dar interpretações enviesadas fazendo uso de ideologias e elucubrações sociológicas (vejam aquela idiotice pseudo acadêmica chamada Direito Achado nas Ruas que não me deixa mentir), soma-se a tudo isto o uso do juridiquês empolado e barroco para dar um ar de seriedade e pronto. Com esta receita o caldeirão de idéias no mínimo imbecis que embasam os mais toscos argumentos em prol da salvação da sociedade contra as mazelas que a assolam diariamente encontra a sua redenção. E de grão em grão vão interpretando a Constituição Federal ao sabor das conveniências até ela se tornar uma estrovenga incompreensível e amorfa, alvo de desconfiança e pilhéria mundo afora. O estopim da estupidez encontrou assento e se refastelou ao se permitir que a conversa entre advogados e seus clientes, no caso bandidos encarcerados nos presídios federais, seja filmada e gravada sob o “brilhante” argumento de que os profissionais do direito são usados como ponte da bandidagem das ruas e os seus chefes presos. (ressalta-se que estão excluídos desta aberração os defensores públicos e membros do Ministério Público, como se somente os advogados fossem os únicos bandidos) Tais decisões oriundas de quem deveria preservar a defesa intransigente de direitos constitucionais, no caso alguns magistrados, joga no lixo uma prerrogativa universalmente consagrada, a do sigilo profissional entre advogado e seus cliente. Não importa que o sujeito seja o pior dos bandidos, mas princípios básicos devem ser mantidos sob pena de vivermos numa barbárie. E o da preservação do sigilo profissional é um deles. Se o Estado é ineficiente para combater o crime, busca-se então o caminho fácil e torto de interpretar a lei ao sabor das necessidades momentâneas mesmo que sejam contrárias ao ordenamento constitucional. O que se viu nestas últimas semanas acerca dos fatos que imprensa tem noticiado sobre este descalabro, é o retrato fiel da iniquidade e ignorância jurídica que encontra campo fértil para expandir em nosso país. Age-se a sorrelfa e todos que não se enquadrem nestas esquisitices são tidos como culpados ou estão querendo barrar a atuação do Estado em proteger o cidadão. O que se viu foi um Big Brother invertido onde os descerebrados estão atrás das câmeras e não na frente delas. Espera-se que a OAB tome providências enérgicas contra estes magistrados que cometeram esta sandice, pois do jeito que as coisas estão em breve teremos micro câmeras estrategicamente instaladas nos vasos sanitários dos aeroportos e rodoviárias para saber se o suspeito engoliu capsulas de drogas e resolver expelir para fugir do flagrante e ser pego com as calças na mão. Desculpem se estou sendo meio escatológico, mas não dar para ser diferente com tamanha barbaridade.

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