domingo, 13 de junho de 2010

A rapidez desnecessária

O clamor da sociedade e sua capacidade de mobilização através de diversas vertentes têm-se tornado um mecanismo poderoso num mundo, digamos assim, midiático (palavra da moda) que exige soluções rápidas e pragmáticas. Não há espaço para reflexões e o que vale hoje como regra, amanhã está envelhecido e ultrapassado. Tudo flui rapidamente na velocidade dos bites de um computador. É como se quisesse consertar os erros do passado num digitar de teclado, sem levar em consideração valores e idéias que ultrapassam o tempo. Toda esta introdução se faz necessário em observar a rapidez que se votou e aprovou a chamada lei da ficha limpa. Foi preciso uma lei que não permitisse um candidato com passado nebuloso e cheio de processo que o impedisse de se eleger. Quando na verdade bastava o eleitor ter mais consciência e se indignar com estes elementos para impedir qualquer eleição a cargo público através do voto. Simples assim. Mas foi preciso uma lei que estabelecesse critérios. Fica parecendo que o brasileiro não sabe escolher. Não estou aqui dizendo que a lei aprovada está equivocada, muito pelo contrário. A cornucópia que se utiliza do manto protetor das casas legislativas para salvaguardar suas falcatruas deveriam estar na cadeia, tanto aqueles que os protege, quanto os que comentem os mais diversos delitos, mas poderia ser diferente. Já disse aqui neste espaço que a sociedade brasileira nunca teve a capacidade se indignar, seja em que situação for. Se um presidente da república é multado por mais de cinco vezes,por descumprir a lei, pouca diferença faz, afinal o país continua a crescer economicamente. A decisão do TSE de aprovar o cumprimento da lei ainda para as eleições deste é fruto desta pressa de tentar consertar o errado num curto espaço de tempo. Digo isto porque a Constituição Federal no seu artigo 16 diz que tal lei não deve valer para o ano de sua promulgação. Mas a sociedade exige rapidez, quer resolver erros antigos, nem que para isto tenha que jogar as calendas as leis e atingir os objetivos que a sociedade exige.

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