domingo, 26 de setembro de 2010

Artista ruim e idéia de proibí-lo também

A OAB de São Paulo lançou uma nota pública repudiando a exposição do Gil Vicente sob a argumentação de que incitava a violência pois suas “obras” trazem autorretratos com o artista matando figuras nacionais e internacionais, que vai do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso até o papa Bento XVI. Tenho pelo presidente da OAB-SP uma admiração da forma como conduz a instituição levantando bandeiras que a representação nacional pouco tem dado importância. Mas neste caso específico extrapolou ao censurar a exposição de suas obras e até já acionou o Ministério Público. A manifestação artística é livre e garantida constitucionalmente. Impedir a exposição vai de encontro ao critério mínimo de tolerância a livre manifestação de pensamento. Esta posição obscurantista apenas retrata uma faceta ainda não resolvida pelo brasileiro, qual seja, aceitar a divergência e a exposição de idéias, mesmo aquelas tidas como absurdas, contanto que não pregue o ódio e o preconceito seja de que matiz for. Pelo que se sabe nenhum dos retratados se opôs a sua exposição. Está se dando notoriedade a uma obra artística ruim e de gosto duvidoso, tudo que queria o seu criador. Se levarmos em consideração os argumentos da OAB-SP o quadro 03 de maio de 1808 de Goya incista a violência contra os franceses, portanto deveria ser proíbida. Agora dizer que faz apologia ao crime é dar dimensão a um fato pouco representativo do ponto de vista cultural.

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